Preços em Miami são 65% menores do que em São Paulo

Preços em Miami são 65% menores do que em São Paulo

Compare 10 itens vendidos no Brasil e EUA e descubra quanto o consumidor paga de imposto sobre cada um deles

O desequilíbrio entre o real forte e o dólar fraco tem evidenciado um problema oculto que afeta o bolso do consumidor brasileiro: a alta carga tributária que pesa sobre o consumo na comparação com os Estados Unidos.

Enquanto a carga tributária pode atingir mais de 70% no preço final de alguns produtos vendidos em São Paulo, principalmente eletrônicos, em Miami, cidade dos desejos de turistas brasileiros que fazem compras nos EUA, o imposto sobre o consumo é de 6%.

Na média, os preços em Miami são 65% mais baratos do que os similares vendidos em São Paulo. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) a pedido do iG, itens como consoles de videogame e os jogos eletrônicos têm carga tributária de 72,18% no Estado de São Paulo.

Um aparelho de videogame Playstation3 , PS3, da Sony, acaba custando, em média, R$ 2.049 no varejo em São Paulo. O mesmo produto pode ser adquirido no comércio tradicional em Miami por US$ 344,98 (cerca de R$ 562), uma diferença de R$ 1.487.

Com essa poupança em apenas um só produto, o brasileiro pode comprar uma passagem de avião em classe econômica de ida-e-volta de São Paulo para Miami por cerca de R$ 1.300.

O iPad, o cobiçado tablet da Apple com 64Gb, é outro exemplo da distorção provocada pela diferença de carga tributária. O equipamento custa cerca de R$ 2.399 em São Paulo, com uma carga tributária de 34,67%. Nas lojas da Apple em Miami, o mesmo produto custa US$ 695, com 6% de imposto ao consumidor (cerca de R$ 1.132,85 no total), ou R$ 1.266,15 a menos do que seria desembolsado à vista no Brasil para se ter o mesmo item.

Caso o consumidor faça a opção pela compra parcelada no Brasil, essa diferença de preços fica ainda mais significativa já que haverá a incidência do custo com os juros sobre as parcelas.

Margem de lucro maior

A distorção é tanta que um vidro de perfume oferece até uma margem de lucro maior para quem os vende em Miami do que em São Paulo, apesar de custarem 67% mais barato nos Estados Unidos. Se o consumidor fizer compras em alguns centros de descontos, conhecidos como outlets, a economia em alguns itens, principalmente de vestuário, pode ser ainda mais compensadora.

Os exemplos ilustram bem as diferenças de competitividade que existem entre a economia brasileira e a economia americana. Segundo dados da Receita Federal, em 2008 a carga tributária total no Brasil foi de 34,41% do Produto Interno Bruto (PIB) enquanto nos Estados Unidos foi de 26,9% do PIB no mesmo período.

Em 2009, devido à crise econômica global os impostos, contribuições e taxas cobradas no Brasil caíram para 33,58% do PIB, a primeira retração desde 2006 e a maior desde o início do Plano Real, em 1994, segundo dados da Receita divulgados no fim do ano passado.

Mesmo com a queda na tributação, a carga de impostos no Brasil ainda segue muito elevada quando comparada com outros países desenvolvidos como Japão (17%), Suíça (29%), Canadá (32%) e Espanha (33%), e nações emergentes como o México (20%) e a Turquia (23%).

Nova classe média

No ano passado, os turistas brasileiros em viagem ao exterior gastaram o valor recorde de US$ 16,4 bilhões, equivalente a 0,7% do PIB, segundo dados do Banco Central. Na avaliação de especialistas em comércio internacional o aumento dos gastos dos brasileiros no exterior reflete, além da carga tributária e do dólar desvalorizado, a redução da pobreza e a expansão da classe média.

Mas se por um lado há benefícios claros para o consumidor, esse volume de gastos no exterior tem contribuído para aumentar o deficit da conta de transações correntes do Brasil que atingiu US$ 48 bilhões no ano passado, sendo um terço resultado de gastos em bens e serviços no exterior.

Esse aumento do consumo no exterior é uma preocupação a mais para o setor produtivo no cenário de risco de desindustrialização. Além disso, a transferência do consumo favorece os investimentos em setores primários da economia como nas áreas agrícola, de exploração e extração de petróleo e de mineração prejudicando a produção de itens com maior valor agregado.

Competitividade afetada

De acordo com Letícia do Amaral, vice-presidente do IBPT, o conjunto de tributos federais, estaduais e municipais reduz a competitividade dos produtos brasileiros encarecendo os bens e serviços já que esses custos são transferidos para o preço final ao consumidor.

Segundo a especialista, os dados de 2008 e 2009 mostram como a redução da carga tributária é benéfica para todos. "Em 2008, a arrecadação total foi de R$ 1,056 trilhão. Em 2009, com redução de impostos e incentivos para amenizar os impactos da crise econômica a arrecadação foi maior e atingiu R$ 1,095 trilhão", diz. "Isso beneficiou o consumidor e as empresas. No cenário de crise, se o governo não tivesse feito isso perderia arrecadação. Uma carga tributária menor estimula o consumo, a produção e a geração de empregos. Impacta a economia de maneira geral", acrescenta.

Para a vice-presidente do IBPT, no curto prazo uma ampla reforma é algo difícil de ser concretizado. "Mas é possível rever prazos e alíquotas de diversos tributos por meio de leis específicas. Não é necessário que seja por meio de uma mudança constitucional que é um processo mais demorado", diz.

Na avaliação de Paulo Rabello de Castro, economista da RC Consultores e um dos idealizados do Movimento Brasil Eficiente (MBE), o problema da alta carga tributária é generalizado na economia. Segundo ele, a facilidade para importação em algumas regiões e a guerra fiscal entre os Estados estimula a continuidade desse cenário.

"O que acontece é que consumidor que pode deixa de comprar aqui e vai comprar fora do País", diz. "Há no Brasil um excesso de carga tributária e um alto custo financeiro embutido no crédito. Medidas simplificadas são bem vindas para acabar com a confusão tributária e o aglomerado de siglas", afirma Rabello de Castro.

    via economia.ig.com.br

    Quantidade de brasileiros que compram imóveis na Flórida triplica em um ano

    Comprar um apartamento nas cidades praianas da Flórida, nos Estados Unidos, pode ser mais barato do que comprar um imóvel em São Paulo.

    Não por acaso, os brasileiros estão atualmente entre os maiores compradores internacionais de imóveis da região, ficando atrás apenas dos canadenses.

    Dados da Florida Realtors, associação que reúne os corretores de imóveis, mostram que em 2010 os brasileiros eram 3% dos compradores internacionais do Estado; hoje, são 8%, ou quase três vezes mais.

    Segundo a associação, 47% dos brasileiros adquirem imóveis para passar férias; outros 17% veem a compra como um investimento.

    Compram, principalmente, apartamentos de alto padrão localizados no sul da Flórida, em Miami, Miami Beach e Palm Beach.

    São unidades que têm em comum o acabamento de luxo e os serviços típicos de hotéis cinco estrelas, como o de concierge (profissional disponível para atender às solicitações dos moradores), além das amplas janelas de vidro que vão do chão ao teto.

    Maioria compra imóvel para passar as férias

    O principal motivo do crescente interesse dos brasileiros é o preço.

    "O mercado imobiliário na Flórida é mais acessível do que o mercado brasileiro", diz John Sebree, vice-presidente de políticas públicas da associação.

    Fabiola Duzoglou, diretora de marketing da Piquet Realty, imobiliária especializada na venda de imóveis de alto padrão para brasileiros nos Estados Unidos afirma que a sensação de proteção também atrai os brasileiros. "Miami oferece a segurança que muitos brasileiros procuram, além de ter certa proximidade com o Brasil e um clima ameno."

    A brasileira Fabiana Pimenta, há sete anos corretora de imóveis em Miami e atualmente atuando na Fortune International, diz que na imobiliária o percentual de clientes brasileiros chega a equivaler a 25% dos estrangeiros.

    "Hoje em dia atendo principalmente os brasileiros. Até os imóveis mais atrativos são vendidos com descontos de 30% a 50%", diz.

    Os descontos são resultado da crise no mercado de imóveis dos Estados Unidos. Incorporadoras que não conseguiram arcar com os financiamentos que adquiriram nos bancos tiveram de dar seus imóveis às instituições como pagamento. São essas casas e apartamentos que estão sendo vendidos a bons preços agora no país.

    Em setembro, o preço médio de uma casa na Flórida era de US$ 137.500 (ou R$ 239 mil). O de um apartamento era de US$ 91.100 (R$ 159 mil).

    Apartamento em Miami mais barato do que em São Paulo

    O preço de um apartamento em Miami (EUA) pode ser mais baixo do que um similar no bairro de classe média alta do Itaim (zona oeste de São Paulo).

    Levantamento informal feito pelo UOL Economia com algumas imobiliárias nos EUA e no Brasil mostrou a diferença de preços. O metro quadrado de um apartamento no edifício Mint Riverfront, em Miami, considerado de padrão médio, custa, em média, US$ 3.664, ou R$ 6.507.

    Já o metro quadrado de um apartamento de alto padrão no Paramount Bay, na mesma região, com elevador privativo, sai por US$ 4.188, ou R$ 7.438.

    Nos dois casos, os valores são inferiores ao cobrado, em média, pelo metro quadrado no bairro do Itaim, na zona oeste de São Paulo --que, segundo o índice Fipe-Zap de Preços de Imóveis, é de R$ 8.111.

    Mesmo imóveis em áreas mais nobres têm preços atrativos. Um apartamento no edifício Trump Towers, um dos mais procurados em Sunny Isles, com dois dormitórios e dois banheiros, e 147 m², custa a partir de US$ 790 mil (R$ 1,4 milhão). O metro quadrado é vendido, assim, a US$ 5.374, ou R$ 9.544 reais.

    Em um imóvel no bairro do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, o preço do metro quadrado é de R$ 10.161, segundo o Fipe-Zap.

    No Rio de Janeiro, o metro quadrado de um imóvel no Leblon chega a R$ 16.608; em Ipanema, a R$ 14.829.

    Imobiliarias vendem apartamentos da Flórida no Brasil

    O crescimento do interesse dos brasileiros endinheirados por casas e apartamentos na Flórida, nos Estados Unidos, tem movimentado o mercado imobiliário naquela região e também no Brasil.

    Lá, muitos lançamentos já são divulgados em português em sites e panfletos. Imobiliárias têm enviado representantes ao Brasil para oferecer seus produtos.

    O site da Florida Realtors, a associação que reúne os corretores de imóveis, tem um serviço de busca (em inglês) de imóveis à venda no Estado.

    Até o governador da Flórida, Rick Scott, veio ao país no mês passado em uma missão para estreitar relações comerciais.

    Aqui no Brasil, a Coelho da Fonseca estruturou neste ano uma divisão internacional para ajudar os brasileiros na compra de imóveis fora do país, com destaque para os Estados Unidos.

    A imobiliária mantém, em São Paulo, um showroom com maquetes dos empreendimentos à venda naquele país.

    O Hamoral Group, que há 20 anos atua na venda de imóveis de luxo no Brasil e no exterior, acaba de fechar uma parceria com o fundo americano ST Residential.

    O fundo adquiriu nos bancos uma série de empreendimentos de alto padrão e vai ofertá-los no Brasil por intermédio da Abyara Brokers.

    Apesar de 85% dos brasileiros optarem pelo pagamento dos imóveis à vista, segundo os corretores, a oferta de financiamentos para brasileiros tem crescido.

    Eles conseguem financiar até 70% do valor do imóvel abrindo conta em um banco local. Os juros, de 5% ao ano nos primeiros cinco anos, são inferiores à média cobrada aqui, de 11% ao ano.

    Preços devem permanecer estáveis nos próximos anos

    Mas, ainda que todas as atenções estejam voltadas para o comprador brasileiro neste momento, a compra de um imóvel na Flórida não é uma opção interessante para todo mundo.

    Para o consultor internacional Marcelo Sicoli, da EnterBrazil, não existe expectativa de valorização nos EUA nos próximos anos, o que faz com que a opção de comprar um imóvel desse tipo como investimento não seja a mais adequada.

    "Os preços dos imóveis em Miami estão hoje cerca de 40% mais baratos do que em 2008. Mas a tendência é que eles se mantenham estáveis ao longo do tempo", diz.

    Para Sicoli, os imóveis são mais interessantes para quem tem o hábito de fazer viagens à cidade.

    O professor João da Rocha Lima Jr., do Núcleo de Real Estate da Poli-USP, concorda.

    "Imóvel de lazer no Brasil custa muito caro. Por conta da questão da segurança, as opções são imóveis em grandes empreendimentos, destinados às pessoas de renda muito alta, que demandam um investimento de quase US$ 1 milhão", diz.

    "Por US$ 300 mil ou US$ 400 mil, é possível comprar imóveis mais convenientes em Miami."

    Mas, mesmo nesse caso, os custos de manutenção do imóvel precisam ser levados em conta. Segundo Sicoli, o imposto cobrado sobre a posse do imóvel, por exemplo, equivale a 2% do valor total. E isso é pago anualmente. Além disso, é preciso arcar com o condomínio.