Brasileiros ricos investem em imóveis na Flórida

Brasileiros ricos investem em imóveis na Flórida

04/06/2011 07:27:07 AM');04/06/2011 07:27:07 AM

Com a economia brasileira aquecida, o real mais fortalecido ante o dólar os brasileiros estão indo para o sul da Flórida.

O empresário brasileiro Rogério Darbi no prédio de seu apartamento de dois quartos em Miami.

O empresário brasileiro Rogério Darbi no prédio de seu apartamento de dois quartos em Miami.

A Miami das compras agora é também a segunda casa de brasileiros endinheirados.

O chapéu do Mickey Mouse perdeu espaço na mala, e os brasileiros agora compram casas, abrem empresas e usam a cidade como plataforma para investir nos EUA o dinheiro ganho no país.

Com a economia brasileira aquecida, o real mais fortalecido ante o dólar e os EUA ainda balançando na sua recuperação, os brasileiros estão indo para o sul da Flórida e deixando parte do seu dinheiro investida por lá.
O principal filão, sem dúvida, é o imobiliário.

Marco Fonseca, representante para o Brasil da NAR (Associação Nacional dos Corretores, na sigla em inglês), calcula que de 55% a 60% dos imóveis em Miami sejam vendidos hoje para estrangeiros, especialmente os brasileiros.

Nas Trump Towers, um dos prédios favoritos dos brasileiros, 6 em cada 10 apartamentos, com preços que vão de US$ 600 mil a US$ 2 milhões (de R$ 970 mil a R$ 3,2 milhões), foram comprados por eles.

"Estou vendendo de balde", afirma a corretora Yara Gouveia, que diz atender três clientes brasileiros por dia nos últimos meses.

O interesse de brasileiros, que passou a ser notado de maneira esporádica em 2009, esquentou no ano passado e realmente ganhou força nos últimos seis meses.

"Aqui a gente deita e rola", diz o empresário Rogério Darbi, ao comparar os preços de Miami aos de Fortaleza.

Dono de franquia de rede de fast food na Grande Porto Alegre, ele diz que preferiu gastar US$ 285 mil (R$ 460 mil) em um apartamento em Miami a pagar um valor similar por uma casa em condomínio em Xangri-Lá, no litoral gaúcho.

Quando as comparações são feitas com o Rio, com o litoral paulista ou com Balneário Camboriú (SC), as disparidades de preço só crescem.

PERFIL
Segundo corretores, compradores e imobiliárias, o típico comprador brasileiro é de classe média alta, investe em torno de US$ 750 mil (cerca de R$ 1,2 milhão) por um imóvel de 200 m2 e o principal propósito ainda é adquirir um apartamento para passar férias.

Porém, cada vez mais pessoas compram o imóvel apostando na futura valorização, já que os preços caíram pela metade desde o pico, há quatro anos, e estão no menor patamar desde 2003.
O investimento, porém, não é sem risco, mesmo para quem compra à vista. Os imóveis continuam a se desvalorizar e não há garantia de que os preços vão subir.

Pagamento à vista domina, mas crédito cresce
O mercado de crédito para imóveis estava fechado para estrangeiros até há poucos meses, mas o interesse crescente fez bancos oferecerem financiamento. E o brasileiro não parece preocupado com uma virada no dólar.

"Mesmo que o dólar passe para R$ 4, não fica impossível pagar", diz o empresário Rogério Darbi, que paga US$ 2.000 mensais pelo seu imóvel de dois quartos.

Ele foi um dos que aproveitaram a abertura do crédito para financiar imóvel. Deu entrada de 30% e parcelou o resto por 30 anos -nos cinco primeiros anos, o juro é de 5% fixos.

A ideia é quitar o imóvel atual, comprado por US$ 285 mil, no máximo até 2012 e comprar um maior, de cerca de US$ 650 mil.

O médico Benedito Jacob, que mora em São Paulo e estuda comprar apartamento em Miami, diz estar "escaldado" com o câmbio ("fiz um leasing e paguei três vezes o carro que tinha comprado").
Porém, diz que a variação do real não é algo que lhe preocupa no curto prazo, entre três e cinco anos.

Segundo o corretor Marco Fonseca, da Piquet Realty, o crédito só começou a surgir mais forte em outubro, com bancos como HSBC, Citigroup, Espírito Santo e Sunstate (antigo Sofisa Bank).

Ele calcula que 85% dos negócios ainda sejam feitos com pagamento integral, mas diz que o financiamento ganha espaço.

Fonte: FolhaPress