Latino-americanos ricos salvam mercado imobiliário de Miami

São Paulo - Os latino-americanos têm um velho caso de amor com Miami, mas, a julgar pelo que se vê no mercado imobiliário, raramente ele foi tão intenso.

Venezuelanos, brasileiros e outros latinos endinheirados têm contribuído de forma decisiva para a recuperação no mercado imobiliário de Miami, que chegou a ser símbolo da crise habitacional nos EUA.

Geralmente pagando à vista e sem reclamar do preço, esses compradores arrematam apartamentos e casas, dentro e fora de condomínios fechados, para servirem como investimento ou como segunda moradia. É uma tendência que reflete o forte crescimento econômico da América Latina, uma região que resistiu bastante bem à crise financeira global.

O consumismo latino-americano é visto não só nas imobiliárias, mas também nos reluzentes shoppings da cidade, onde eles compram iPads, roupas de grife e joias, entre outros itens.

Animados, empreendedores imobiliários de Miami vêm lançando novos projetos de olho nesse mercado, embora a Flórida continue sendo um dos Estados dos EUA mais afetados pela crise imobiliária. Também por isso, Miami virou um destino privilegiado para compradores internacionais.

"A América Latina tem realmente ajudado a injetar uma nova vida no nosso mercado", disse Jorge Pérez, presidente do Related Group, importante incorporadora imobiliária do sul da Flórida.

via exame.abril.com.br

Quantidade de brasileiros que compram imóveis na Flórida triplica em um ano

Comprar um apartamento nas cidades praianas da Flórida, nos Estados Unidos, pode ser mais barato do que comprar um imóvel em São Paulo.

Não por acaso, os brasileiros estão atualmente entre os maiores compradores internacionais de imóveis da região, ficando atrás apenas dos canadenses.

Dados da Florida Realtors, associação que reúne os corretores de imóveis, mostram que em 2010 os brasileiros eram 3% dos compradores internacionais do Estado; hoje, são 8%, ou quase três vezes mais.

Segundo a associação, 47% dos brasileiros adquirem imóveis para passar férias; outros 17% veem a compra como um investimento.

Compram, principalmente, apartamentos de alto padrão localizados no sul da Flórida, em Miami, Miami Beach e Palm Beach.

São unidades que têm em comum o acabamento de luxo e os serviços típicos de hotéis cinco estrelas, como o de concierge (profissional disponível para atender às solicitações dos moradores), além das amplas janelas de vidro que vão do chão ao teto.

Maioria compra imóvel para passar as férias

O principal motivo do crescente interesse dos brasileiros é o preço.

"O mercado imobiliário na Flórida é mais acessível do que o mercado brasileiro", diz John Sebree, vice-presidente de políticas públicas da associação.

Fabiola Duzoglou, diretora de marketing da Piquet Realty, imobiliária especializada na venda de imóveis de alto padrão para brasileiros nos Estados Unidos afirma que a sensação de proteção também atrai os brasileiros. "Miami oferece a segurança que muitos brasileiros procuram, além de ter certa proximidade com o Brasil e um clima ameno."

A brasileira Fabiana Pimenta, há sete anos corretora de imóveis em Miami e atualmente atuando na Fortune International, diz que na imobiliária o percentual de clientes brasileiros chega a equivaler a 25% dos estrangeiros.

"Hoje em dia atendo principalmente os brasileiros. Até os imóveis mais atrativos são vendidos com descontos de 30% a 50%", diz.

Os descontos são resultado da crise no mercado de imóveis dos Estados Unidos. Incorporadoras que não conseguiram arcar com os financiamentos que adquiriram nos bancos tiveram de dar seus imóveis às instituições como pagamento. São essas casas e apartamentos que estão sendo vendidos a bons preços agora no país.

Em setembro, o preço médio de uma casa na Flórida era de US$ 137.500 (ou R$ 239 mil). O de um apartamento era de US$ 91.100 (R$ 159 mil).

Gasto de brasileiros no exterior sobe quase 40% no bimestre e tem recorde

Os gastos de turistas brasileiros no exterior somaram US$ 1,33 bilhão em fevereiro deste ano, informou nesta sexta-feira (25) o Banco Central.

Apesar de terem recuado frente ao primeiro mês deste ano, tradicionalmente mais fortes por conta das férias escolares, as despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 3,07 bilhões no primeiro bimestre de 2011 e bateram recorde para o período.

De acordo com números da autoridade monetária, os gastos no exterior avançaram 38,5% nos dois primeiros meses deste ano, na comparação com o primeiro bimestre do ano passado (US$ 2,21 bilhões) - recorde anterior. A série histórica do Banco Central tem início em 1947.

A elevação dos gastos de turistas brasileiros no exterior é favorecida pelo crescimento do emprego e da renda no Brasil e, também, pelo dólar desvalorizado - fator que barateia as passagens e hotéis cotados na moeda norte-americana.

Em todo ano passado, o valor gasto, de US$ 16,4 bilhões, também foi o maior da história. Há especulações, entretanto, que o governo estaria considerando a possibilidade de elevar a taxação sobre os gastos com cartões de crédito no exterior para conter estas despesas. 

"O governo continuamente estuda e monitora os mercados e eventualmente pode adotar alguma medida se perceber alguma distorção ou excesso", disse Túlio Maciel, chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central ao ser questionado sobre a possibilidade de aumento do IOF para cartões de crédito no exterior - medida que desestimularia o turismo para consumo em outros países, como Estados Unidos.

O aumento de gastos de turistas brasileiros fora do país também contribui para aumentar o rombo das contas externas brasileiras, que somou US$ 8,8 bilhões no primeiro bimestre deste ano. A previsão do Banco Central é de que o déficit em transações correntes subirá de US$ 47,5 bilhões em 2010 para US$ 60 bilhões neste ano, o que, se confirmado, representará novo recorde.